Quando um investidor decide alocar seu dinheiro em ações, ele deve saber que está entrando de cabeça no mundo da renda variável. Isso significa que sua expectativa será de retornos positivos a longo prazo, mas deverá estar preparado para a volatilidade (o famoso “sobe e desce”) que existe na bolsa. Se os papéis ou fundos escolhidos não forem bons, ele pode até mesmo ter um resultado negativo num prazo maior, tendo seu capital reduzido ao invés de rentabilizado. Por isso, é muito importante saber escolher os ativos que irão fazer parte de uma carteira de ações. Com isso em mente, podemos dizer que alguns investimentos são mais arriscados do que outros. Então, como definir qual o risco de cada ativo e, consequentemente, da carteira de ações como um todo?
Existem muitos indicadores estatísticos que ajudam o investidor a entender sobre a questão do risco/retorno de seus investimentos. Mas vou destacar aqui dois dos mais conhecidos e utilizados pelos profissionais de mercado: o Índice Beta e o Índice de Sharpe.
O Índice Beta é um indicador que mede o risco de uma ação ou uma carteira de ações em comparação ao mercado como um todo. De maneira sucinta e tomando a bolsa brasileira como exemplo, o Beta irá medir a volatilidade de uma ação escolhida em relação ao índice Ibovespa. Veja a seguir sua fórmula de cálculo:
β = [Cov (Ra,Rp)] / Var (Rp)
Onde:
- β: Beta;
- Cov (Ra,Rp): Covariância entre o retorno do ativo e do mercado;
- Var (Rp): Variância do retorno do mercado.
Não se assuste se você não consegue entender a fórmula, pois não é necessário ser nenhum matemático ou estatístico para utilizá-la. O Kinvo disponibiliza o Beta das ações, bastando apenas saber como interpretar seus números.
Para compararmos nossa carteira de ações com o mercado, utilizamos o Beta neutro (Ibovespa, no nosso caso) igual a 1. Dessa maneira:
- Ações com Beta maior que 1 apresentam maior volatilidade que o mercado. São ações com maior risco. Portanto, se espera também um retorno maior do que a média de mercado;
- Ações com Beta menor que 1 são menos voláteis que o mercado em geral. Geralmente são ações menos arriscadas, mas que trazem menor retorno;
- Ações com Beta igual a 1 tendem a oscilar de maneira semelhante ao mercado como um todo. No caso brasileiro, são ações que tendem a acompanhar de perto as variações do Ibov.
Para exemplificar seu uso, se você possui uma ação com Beta 1,5, a expectativa é de que ela se valorize 50% a mais que a média do mercado. Assim, se a expectativa do Ibov é se valorizar 10% em determinado período, você espera que seus papéis se valorizem 15%. A contrapartida é o maior risco que você assume com este papel se o mercado vier a cair.
Obviamente este não deve ser o único indicador a ser considerado na hora de comprar uma ação. Os fundamentos da empresa são muito mais importantes na hora da definição, cabendo a utilização do Beta como uma ajuda para entender qual será o seu grau de exposição no mercado naquele momento.
O próximo indicador que vamos falar é o Índice de Sharpe. Ele foi criado pelo economista americano William F. Sharpe e serve basicamente para avaliar a relação entre risco e retorno de um investimento. Ele é muito utilizado para a comparação de fundos, pois dá uma indicação interessante de qual fundo está com uma melhor performance dado o nível de risco que ele carrega. Segue abaixo sua fórmula:
IS = (Ri -Rf) / (σi)
Onde:
- IS = Índice Sharpe
- Ri = Retorno do Ativo
- Rf = Retorno Livre de Risco (Taxa Selic ou CDI no Brasil)
- σi = Risco do Ativo (Volatilidade)
Assim como o Beta, o Kinvo também disponibiliza o Sharpe para você avaliar seus investimentos. A interpretação é muito simples. Quanto maior o seu número, mais interessante a carteira de investimentos tende a ser. Para realmente entender o benefício desse indicador, deve-se utilizá-lo na comparação com outros fundos ou carteiras.
Como exemplo, podemos dizer que um investidor se deparou, de acordo com o seu perfil, com três fundos de ações com retornos semelhantes no período de um ano, mas com volatilidade bastante diferente entre eles:
- Fundo X: Retorno 11% | Volatilidade 2%
- Fundo Y: Retorno 11,5% | Volatilidade 3%
- Fundo Z: Retorno 11% | Volatilidade 1%
- Taxa Selic: 6%
Com base nesses números, temos o Índice Sharpe para cada um dos fundos:
- Fundo X: 2,5
- Fundo Y: 1,83
- Fundo Z: 5,0
Isso nos mostra que o fundo Y, apesar de ter conseguido a maior rentabilidade, foi o fundo mais arriscado dos três. Já os fundos X e Z conseguiram a mesma rentabilidade, mas o primeiro correu o dobro do risco em relação ao último. Com isso em mente, qual dos três fundos seria a melhor escolha? Claro que a decisão é pessoal e, para alguém com perfil muito agressivo, talvez o 0,5% a mais de rentabilidade seja mais importante do que a volatilidade do período. Mas é inegável que, dado o risco corrido, o fundo de melhor desempenho foi o Z.
Espero ter ajudado com esta rápida explicação sobre esses dois importantes indicadores. Utilize-os sem moderação na hora de escolher seus investimentos, pois são pequenos detalhes que podem fazer toda a diferença na evolução de sua carteira a longo prazo.
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